Corbélia, 28/09/2024
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A guerra está declarada

Cotidiano | Publicado em 09/05/2008 08:41

“Estou avisando. Não morreu ninguém, mas vai morrer”, disse ontem o presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO), agropecuarista Alessandro Meneghel, durante reunião de lideranças ruralistas da região com o comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar de Cascavel, tenente-coronel Celso Luiz Borges.
O líder ruralista alertou para o início de uma “guerra” entre fazendeiros e sem-terra, caso o governo do Estado não cumpra reintegrações de posse de áreas-alvo de invasão para fins de reforma agrária. São pelo menos 25 mandados emitidos pela Justiça na região Oeste do Paraná e que não foram cumpridos pelo governo. “Temos uma posição aberta. A sociedade precisa se mobilizar e isso já está acontecendo. Caso o governo não faça nada, vai começar uma guerra”, avisou Meneghel.
A reunião no início da tarde de ontem foi motivada após o conflito ocorrido durante a madrugada e manhã, na Fazenda Bom Sucesso, localizada às margens da BR 369, na saída para Corbélia, em Cascavel, envolvendo trabalhadores da fazenda e as famílias do Acampamento Primeiros Passos, do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), que ocupa o local há cerca de três anos.
A tentativa do proprietário de promover a reintegração de posse - concedida pela Justiça logo após a invasão - à força, resultou em quebradeira e na detenção de dez pessoas na madrugada, autuadas em flagrante por formação de quadrilha e exercício arbitrário das próprias razões. Dentre os presos está o segurança da empresa NF, Luciano Gomes Resende, que em outubro do ano passado participou do conflito na Syngenta, quando um sem-terra e um segurança foram mortos . Outro preso, identificado como Itacir, seria funcionário da fazenda e os demais, que teriam sido contratados por ele, estavam sendo ouvidos pela delegada Paula Martins  até o fechamento desta edição.
O proprietário da fazenda, Orlando Carneiro, negou provocação dos funcionários e disse que os eles estavam trabalhando honestamente na terra. “Eles estavam gradeando a terra para posterior plantio, pois esta é uma área produtiva, nossa e que não está à venda”, declarou à imprensa. Exaltado durante a reunião no 6º BPM, Carneiro exigiu uma postura do governo do Estado. “O Requião não é dono do Paraná. Queremos que o Estado nos ouça, pois não temos mais condições de trabalhar e produzir em paz no campo. Elegemos esse homem e ele tem de cumprir a reintegração de posse e nos deixar trabalhar. Não agüentamos mais essa pressão”, afirmou. Carneiro disse que seus funcionários estão monitorando a fazenda e avisou que se os sem-terra retirarem madeira da área, iremos reagir. “Estou avisando: se sair madeira, vai morrer gente”.

APOIO
Líderes agropecuaristas defenderam o proprietário da fazenda e disseram que ele não agiu errado ao fazer uso de seu terra. João Batista Cunha Júnior afirmou o objetivo é formar uma comissão de lideranças para discutir pessoalmente com o governador Roberto Requião uma solução. “Queremos que o Estado cumpra a lei, pois os sem-terra invadem, depredam, quebram tudo. Nosso objetivo é defender o direito à propriedade”, afirmou. O presidente do Sindicato Rural Patronal, Nelson Menegatti, disse que a situação é preocupante e necessita da intervenção do Estado. “Queremos um basta. Estamos somando forças com a polícia”, afirmou. O grupo de lideranças se reuniu também com o delegado-chefe da 15ª SDP, Amadeu Trevisam de Araújo, que não falou com a imprensa.


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