A decisão do governo em reduzir a mistura do etanol anidro na gasolina, de 25% para 20%, para tentar evitar uma crise de abastecimento e amenizar a disparada de preços pode gerar um aumento entre R$ 0,06 e R$ 0,08 por litro de gasolina. É o que diz José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro). Com a valorização do combustível renovável, Gouveia estima que o consumo de gasolina tenha aumentado entre 25% e 30% a partir da segunda quinzena de dezembro.

"Distribuidoras e economistas acreditam que a medida sugira um aumento de R$ 0,08 a R$ 0,10 no litro da gasolina, mas creio que o aumento seja um pouco menor", disse. "Será substituído por um produto (gasolina) com impostos mais caros que o do álcool, então o preço sobe", falou o Gouveia.

Gouveia também criticou a medida do governo, que começa a vigorar em fevereiro. "Não resolve o problema do álcool. A usina produz e o produto já está vendido. A única solução seria baixar os impostos da gasolina. Fazendo isso, os preços da gasolina caem e o preço do álcool tem de acompanhar porque existe a possibilidade de acumular estoque", disse o presidente do Sincopetro, que crê na possibilidade de queda no preço do álcool apenas com início da próxima safra, daqui a dois meses.

A decisão do governo foi tomada depois de os preços do álcool registrarem uma escalada no mercado interno, em um momento de entresssafra de cana-de-açúcar, após o consumo do biocombustível ter crescido fortemente no ano passado, em meio a problemas climáticos no centro-sul brasileiro, que resultaram uma safra menor do que a esperada.

A expectativa é que a redução de cinco pontos percentuais na mistura resultará em uma oferta adicional de etanol hidratado de 100 milhões de litros por mês, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, o preço do etanol anidro em São Paulo atingiu R$ 1,2591 por litro (a retirar na usina e desconsiderando impostos), na semana passada. Esse é o maior valor (em termos reais, considerando a inflação) desde abril de 2006.

Na comparação com o início da última safra, em abril de 2009, o preço do etanol anidro quase dobrou, segundo o Cepea, que apontou também que os preços baixos do produto na maior parte da safra, incluindo o do etanol hidratado (usado em carros flex) acabaram impulsionando o consumo, reduzindo a disponibilidade na entressafra.

Com informações da Reuters News